quinta-feira, 19 de março de 2009

Naufrágio do Titanic


David Sarnoff , telegrafista da Marconi Wireless Telegraph Co., na noite de 14 de abril de 1912
Naufrágio do Titanic mereceu capa dos principais jornais da época


O que de tão incrível possuiu e possui o naufrágio do Titanic, que por mais de 80 anos atrai a atenção do mundo?

Sua perda para a época - abril de 1912 - foi um golpe tremendo à raça humana e, porque não dizer, ao orgulho humano, que com suas conquistas recentes julgava arrogantemente ter dominado definitivamente a natureza.

As declarações de seus proprietários e construtores, os elogios da mídia inglesa, tornaram o Titanic “insubmersível” , um navio que "o próprio Deus” não poderia afundar.

Os fatos demonstram uma total confiança na embarcação, tanto que com o chegar das primeiras notícias sobre o choque com o iceberg, por certo tempo, ainda se afirmou que a embarcação permanecia flutuando, que nenhuma vida havia sido perdida, e a maior questão era a de qual doca nos Estados Unidos conseguiria receber tão grande embarcação para reparos.

A história desta embarcação se inicia com a tentativa feita por J. Bruce Ismay, presidente da White Star Line, e J.P.Morgan seu maior acionista, em concorrer na rota do Atlântico com a Cunard Line, proprietária das embarcações Mauretania e Lusitania. Em 1907 ambos decidiram construir 2, posteriormente 3, embarcações de grande porte e luxo para operar a rota Grã-Bretanha - Estados Unidos. Seriam elas o Olympic, o Titanic e, posteriormente, o Britannic.

O Titanic tem sua construção (sob número de quilha 401 da Harland & Wolff) iniciada a 31 de março de 1909, e é lançado ao mar a 31 de maio de 1911, se tornando o maior objeto móvel construído pelo homem. Em julho de 1911 é marcada a data da viagem inaugural da Titanic: 20 de março de 1912 .

Devido ao fato de que o Olympic bate com o cruzador da marinha britânica Hawke - recebendo fortes avarias que obrigam o estaleiro a fornecer homens e materiais para atender aos reparos do Olympic - a primeira viagem do Titanic foi remarcada para o dia 10 de abril de 1912.

A 3 de fevereiro de 1912, o Titanic dá entrada na Thompson Graving Dock. Concluem-se os acabamentos e iniciam-se os testes de mar onde são realizadas manobras para teste da embarcação e de seus equipamentos.

No Dia 2 de abril parte, sob o comando do Capitão Bartlett, parte para Southampton (a 570 milhas), o porto base para as viagens que começaria a realizar. Chegou na madrugada do dia 4 e iniciou o carregamento de carga e suprimentos, além de receber à bordo a maior parte da tripulação. A embarcação fica pronta para zarpar em sua viagem inaugural no dia 9 de abril.

No dia 10 de abril, às 07:30hs, a embarcação recebe seu novo comandante, o Capitão Edward J. Smith, ex comandante da Olympic. O capitão Smith era um veterano de 62 anos (o maior salário da navegação), que fazia a sua última viagem antes da aposentadoria. Nessa travessia, mais preocupado em bater recordes de velocidade, deixou seus imediatos sem binóculos e não mediu a temperatura das águas geladas para detectar icebergs.

Das 09:30 às 11:00 hs. é realizado o embarque dos passageiros das 2a. e 3a. classes. Os passageiros da 1a. classe embarcam às 11:30 hs.

A Bordo, para a viagem inaugural aos EUA, estava a nata monetária da época: Ben Guggenheim; John Jacob Astor; o casal Strauss, donos da Macy's de Nova Iorque; Ismay e Andrews. Na pressa, foi preciso emprestar tripulantes do navio-irmão, o Olympic e, assim, boa parte deles não sabia localizar-se no leviatã de aço. Isso pesou na tragédia.
Um incidente ocorre quando o Titanic, já navegando por seus próprios meios passa próximo da embarcação New York. O deslocamento de água que seu movimento faz com que as amarras da outra embarcação se quebrem e a popa da mesma vá em sua direção. Graças a uma rápida intervenção da tripulação da New York a colisão é evitada por apenas 2 metros.

Tudo correu normalmente até a triste madrugada entre os dias 14 e 15 de abril. Às 23h40 do dia 14 avistou-se uma massa escura de 90 metros de superfície. Quarenta minutos antes, chegara mais um aviso sobre gelo na área, descartado pelo capitão. Quando William Murdoch, primeiro-oficial do navio, se deu conta, estava a 450 metros do iceberg: ordenou uma virada à esquerda e a reversão dos motores. Hoje, cientistas dizem que o Titanic teria resistido a um impacto frontal (você faria isso no lugar de Murdoch?), mas não ao corte transversal que "barbeou" o casco ao longo de 100 m.

A água invadiu, rápido, os compartimentos e de nada valeram as portas estanques automáticas que, segundo se acreditava, fariam o Titanic "insubmergível". Estudando os restos do navio, descobriu-se que a constituição química do seu aço o deixava frágil em mudanças bruscas de temperatura. O capitão mandou que se enviassem pedidos de socorro (o S.O.S foi usado, então, pela primeira vez na história) e, avistando um navio a 20 quilômetros, o Californian, lançaram foguetes de sinalização. Eles olharam, e fizeram que não era com eles.

Avisaram-se os passageiros da primeira classe que, irritados, foram convocados a usar coletes salva-vidas. A calma era total, pois eles não admitiam que o Titanic, a ciência e o dinheiro os deixaria na mão. Acreditavam que voltariam, em pouco, ao navio. Afinal, o choque mal foi percebido e muitos até usaram pedaços do iceberg, caídos sobre a coberta, para gelar seus uísques. Na terceira classe, a grande maioria dos passageiros não entendia inglês e não sabia o que fazer diante de furibundos oficiais que urravam para que se preparassem. Em breve, a calmaria dos milionários também seria substituída pelo caos. Mulheres e crianças tiveram a precedência nos botes. Isso criou sérios embaraços posteriores para as feministas sufragistas, que se viram obrigadas a louvar cavalheiros. Houve mesmo casos de homens que, vestidos com trajes femininos, foram arrancados pelos marinheiros dos barcos.

A tripulação, por sua vez, não sabia manejar os botes e, apavorada com a idéia de que rachariam, desceu muitos deles ao mar com 12 pessoas, em vez das 65 possíveis. Em pouco tempo, todos os barcos haviam partido e 1.502 pessoas ficaram no convés à espera da morte. A orquestra tocou até o último momento e encerrou o recital com um hino religioso. Guggenheim vestiu-se a rigor para "ir ao fundo como um cavalheiro" e a senhora Strauss saiu da segurança de seu bote para ficar com o marido no navio (são eles que você verá abraçados, numa cama, no fim do filme "Titanic").

Ás 2h18 do dia 15, o Titanic afundou, após partir-se em dois. Milhares ficaram nas águas geladas esperando que os barcos retornassem, mas as mulheres e os tripulantes a salvo não voltaram para buscá-los. Durante horas, os náufragos gritaram de dor no Mar Ártico até o silêncio de morte. Pela manhã, os 705 sobreviventes dos botes (entre eles, Bruce Ismay) foram resgatados pelo Carpathia e levados aos EUA para enfrentar um mar de repórteres.
Nos julgamentos que se seguiram, na América e na Inglaterra, poucos foram culpados pela tragédia e as companhias de seguro pagaram indenizações a uns poucos passageiros e à companhia marítima. As ações do telégrafo de Marconi subiram, mas ele foi acusado de ter sonegado informações sobre o desastre para passá-las, em primeira mão, ao The New York Times. Coisa feia. A imprensa cobriu-se de vergonha ao insistir que o navio estava a salvo, apenas para desacreditar o concorrente nova-iorquino. Por incrível que pareça, o mundo só soube a extensão do desastre quando o Carpathia chegou a Nova Iorque. Ismay, execrado por todos como vilão de cinema mudo, exilou-se em sua mansão para esperar a morte.

O orgulho britânico precisou arranjar álibis. Em todos os depoimentos, sempre que um comportamento covarde e indigno era citado, os depoentes eram unânimes em atribuí-los a "italianos", mesmo em lugares em que um pobre imigrante não poderia estar. O que leva a outro detalhe espinhoso do naufrágio: a contabilidade social das mortes. Apenas quatro das 143 mulheres da primeira classe morreram (só uma dentre 29 crianças ricas se afogou), enquanto na terceira classe morreram 81 das 179 mulheres e 23 das 76 crianças. No total, a divisão porcentual de sobreviventes choca: 2/3 da primeira contra 1/4 da terceira. Assim no mar como na terra.

Dias mais tarde, ao recolherem os corpos, os marinheiros da White Star Line tinham ordens de só retirar do mar aqueles que parecessem pertencer às primeira e segunda classes. Os da terceira foram jogados de volta aos peixes e por semanas navios fizeram colisões macabras com cadáveres.

Em 1985, uma equipe de oceanógrafos americanos e franceses vasculhou o Atlântico e encontrou o Titanic a 4,2 quilômetros de profundidade, protegido durante 73 anos pela escuridão total, águas geladas de 2 graus centígrados no verão e uma pressão de três toneladas por 6,45 centímetros quadrados, capaz de transmutar corpos em massa de tomate. Com um minissubmarino e uma sonda-robô, o grupo de 120 pesquisadores trabalhou por seis semanas e 33 mergulhos até chegar a 10 metros do casco do naufrágio e explorar o seu interior. Lá dentro havia um museu de objetos conservados como novos pelas condições ambientais de baixo nível de oxigênio, que retardaram a deterioração dos metais.

Estavam também intactos os cofres, que a sonda não teve força para desgrudar da parede. Mesmo que o fizesse, de pouco serviria à expedição, porque a maior parte do seu conteúdo pertence às seguradoras inglesas que cobriram os prejuízos em 1912. Para afugentar piratas, o Congresso americano decretou o Titanic um memorial marítmo e os pesquisadores guardam sua localização exata a sete chaves. Não foi suficiente. Em 1987, um milionário texano desafiou a lei e arrancou 1.800 objetos dos destroços. Na superfície, eram colocados em bacias de água para evitar que os sais cristalizassem e os destruíssem.

Tesouros? No mesmo ano, televisionado para todo o mundo, abriu-se um dos cofres do navio. Dentro dele havia apenas jóias vagabundas e dinheiro molhado, num total de US$ 5 mil. Para recuperá-los, foram gastos US$ 5 milhões. O passado, com a elegância de costume, insistiu em rir-se do presente novo-rico. Mas o verdadeiro tesouro do Titanic perdeu-se para sempre: a civilidade, aquela capacidade de ceder a vez a uma dama e esperar a morte com classe. Pena que James Cameron não entendeu isso e tenha escolhido para herói um mero rapazote duro de afogar.

Um comentário:

  1. Gente oque eu sei dissso eu sei Titanic E a empresa Rockstar Games Fez uma brincadeira no jogo Grand theft auto vice city e colocaram 1 Titanic Naufrágo no mar de vice city

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